Proposta Cultural: Reformulação da Feira Medieval
Eis aqui o texto da carta enviada à Vereadora da Cultura com o pelouro da Juventude da Câmara Municipal de Guimarães, com a proposta cultural do mês de Julho.
Exma.ª Sr.ª Vereadora,
Cumprindo o propósito anunciado em Maio último de apresentar propostas mensais concretas, tendo em perspectiva a realização da Capital Europeia da Cultura 2012 em Guimarães, vimos por este meio apresentar uma nova proposta.
Não será, porventura, nova em termos de forma; mas a nível de conteúdo será, possivelmente, uma novidade, no que ao nosso concelho diz respeito.
A realização de Feiras Medievais é já um hábito em muitas localidades com história que lhes permita recriar os ambientes da época em causa. No entanto, umas destacam-se pela qualidade da produção, preocupada com os mais pequenos detalhes, que atraem cada vez mais interessados num evento de qualidade, enquanto outras realizam-se com padrões de recriação da época que deixam muito a desejar e que, por vezes, levam a questionar a realização do evento, tão pequena a sua dimensão e tão rudimentar a produção…
No cenário nacional, a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, realizada em Santa Maria da Feira, é sem dúvida uma das melhores, se não mesmo a melhor. Uma visita rápida ao site do evento ( http://www.viagemmedieval.com/ ) permite perceber o que a distingue de todos os outros eventos semelhantes.
Guimarães realiza a Feira Joanina. Pela análise do programa da edição de 2007, percebe-se que é um evento de pequena dimensão, sem qualquer vocação turística, ainda que a intenção subjacente à sua realização seja louvável.
Se compararmos o programa da Viagem Medieval num dia qualquer, verificamos que é, de longe, muito mais atractivo que o único dia da Feira Joanina de Guimarães…
Guimarães é uma cidade medieval por excelência. Todo o centro histórico desenvolve-se segundo o traçado característico da época, tendo na rua de Santa Maria o seu eixo principal. Se com as obras da segunda metade do século XIX se perdeu muita coisa, como as muralhas e muito casario, verdade é, que passeando pelas ruas da Oliveira, vemos a nossa memória assaltada por cavaleiros, frades, almocreves e damas de longos chapéus pontiagudos. Imaginamos no Largo da Oliveira a feira que aí se realizava, na outrora carregada de casas, Praça de Santiago, imaginamos a feira do peixe e a capela do santo que dá nome ao local, vemos à nossa frente um torneio no então inexistente terreiro da Misericórdia… entre tantas outras visões de outros tempos!
O que a Juventude Social Democrata gostaria de sugerir é que se repense a Feira Joanina. Ao adoptarmos em Guimarães um modelo semelhante ao da Viagem Medieval realizada em Santa Maria da Feira, poderemos introduzir-lhe alterações que a tornarão, sem dúvida, num dos eventos culturais mais atraentes do Minho!
Tal como em todos os eventos do género, em que a população da região é parte do cenário, também essa nova Feira Joanina, teria que contar com todos os que se enquadram no cenário da mesma: comerciantes, moradores e instituições do Centro Histórico, teriam a oportunidade de voltar uma centenas de anos atrás para serem actores de uma época antiga em pleno século XXI.
Combinando com isto a existência de um espaço ideal para este evento como é o Campo de S. Mamede, não é difícil de visualizar um evento com um enquadramento excepcional e com uma extensão muito considerável, que o colocaria, por certo, na rota das melhores feiras medievais em Portugal.
Analisando a Viagem Medieval realizada em Santa Maria da Feira, facilmente se percebe que este tipo de eventos atrai não apenas turistas, mas também parceiros importantes. Apesar de ser um evento realizado pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira e de ter a produção executiva a cargo da empresa municipal responsável pela cultura e desporto, tem patrocínios de relevo.
A comparação com a realidade vimaranense é para nós inevitável.
A Feira Joanina tem como único suporte a Câmara Municipal de Guimarães.
Atendendo à possibilidade de se alterar o formato, seria facilitada a produção do evento pela existência da Tempo Livre e d’A Oficina, instituições com actividade no sector do lazer e da cultura, áreas que se entrecruzam na proposta que apresentamos neste documento.
Para além disso, a comparação entre os dois eventos reduz a quase nada aquilo que em Guimarães se realiza com a Feira Joanina quer em termos culturais, mas principalmente em termos turísticos.
Seria importante salientar que não nos fechamos a uma recriação medieval, ou tardo-medieval (como a Feira Joanina). Verdade é que dadas as características do nosso centro histórico, outras seriam possíveis, como uma “feira setecentista”, que permitiria aproveitar os muitos espaços barrocos da cidade. Tudo depende da vontade e do empenho que se quiser investir.
Para além de tudo o exposto, a possibilidade de trazer as instituições do concelho ligadas a cultura, desde o canto à dança, poderia ser um desfio interessante para que essas colectividades pudessem, também elas crescer com um evento deste género.
É por querermos que Guimarães se distinga que apresentamos esta sugestão. Sendo que a ideia não é nova, parece-nos que esta proposta é uma novidade substancial ao que já se realiza em Guimarães.
Tendo em conta os resultados que têm sido atingidos por outros eventos, parece-nos que Guimarães tem todas as condições para ultrapassar em poucos anos aquilo que vem sendo feito noutras localidades.
Esperamos que esta proposta seja tida em consideração, tal como todas as outras, no sentido de conseguirmos, todos, fazer de Guimarães uma excelente Capital Europeia da Cultura em 2012 e um marco cultural na região e no país.
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