Indústrias Criativas: Uma Possibilidade para Guimarães?
De que falamos ao certo quando falamos das indústrias criativas? Segundo uma definição do Governo britânico, “indústrias criativas são aquelas baseadas na criatividade, capacidade e talento individuais. São também aquelas que têm o potencial para criar riqueza e emprego através do desenvolvimento da propriedade intelectual.” Este sector é responsável pelo emprego de mais de cem mil pessoas em Portugal. A aposta no desenvolvimento de um cluster destas indústrias na região Norte começa a estar presente no discurso dos responsáveis políticos e Guimarães tem capacidade para muito vir a beneficiar com ela.
No discurso político sobre a Capital Europeia da Cultura 2012 (CEC) esta é uma aposta clara. Mas será que estamos a fazer o que podemos para a incentivar? Temos já diversas infra-estruturas, que serão complementadas nos próximos anos pelo desenvolvimento do Campurbis e de alguns projectos relacionados com a divulgação das artes. Mas muito nos falta.
Precisamos de incentivar o arrendamento, facilitando a fixação de jovens no centro da cidade.
Precisamos de dar visibilidade internacional a Guimarães. O evento único que será a CEC não chega. Seremos um palco europeu durante um ano, mas depois que ficará? O Guimarães Jazz, que não nos cansamos de louvar, é insuficiente. Temos de tornar a cidade num pólo de atracção. Já propusemos no passado uma aposta na divulgação do nosso património artesanal em feiras internacionais e uma forte campanha publicitária mundial para dar a conhecer as nossas potencialidades.
Precisamos de apostar na formação; e não só naquela que já se faz nas escolas básicas e secundárias ou nos centros de certificação de conhecimentos. Temos uma clara lacuna na oferta de formação em artes, formal e informal. Faltam-nos também espaços para os jovens desenvolverem e divulgarem as suas competências. São, por exemplo, cada vez mais escassos os espaços para os jovens músicos vimaranenses ensaiarem e actuarem. Guimarães não possui – e nada neste momento nos diz que possuiremos – espaços interdisciplinares, que permitam o cruzamento e o diálogo entre a produção e a divulgação.
Precisamos também de uma clara política de apoio ao empreendedorismo, capaz de dar uma resposta específica às indústrias criativas nascentes. Temos de ser capazes de ajudar os empreendedores criativos na busca de um adequado modelo de negócios e de financiamento numa área em que este é tão difícil.
Precisamos de ganhar capacidade de fixação de jovens talentosos. A revisão da política de arrendamento é uma urgência, se queremos atrair mais jovens para o nosso concelho, em particular para o centro da cidade. Temos de incentivar o regresso a Guimarães daqueles que de cá partiram para desenvolver as suas capacidades no exterior, dando-lhes condições para exercerem aqui a sua actividade profissional; a mais-valia que estes podem dar ao desenvolvimento do nosso concelho é essencial para a nossa afirmação.
Muitas destas propostas foram já apresentadas por nós no Programa Autárquico de Juventude. Muitas delas foram até enviadas directamente à Câmara Municipal de Guimarães. Só por falta de vontade é que não se fazem, até porque os valores financeiros envolvidos em cada uma delas não são muito elevados. Mas é mais fácil – e dá mais votos – continuar a aposta em construir, descurando o desenvolvimento imaterial, o essencial.
Artigo da Comissão Política da JSD Guimarães
publicado no jornal Povo de Guimarães de 14 de Maio de 2010.
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