Empreendedorismo porquê?
Hoje em dia, poucos são os políticos que recorrentemente não fala de empreendedorismo. O termo tornou-se num dos jargões do actual discurso politicamente correcto. Mas, contrariamente a outros termos deste tipo de discurso, o empreendedorismo não é vazio de conteúdo, podendo realmente significar uma mudança relevante na nossa sociedade. O IAPMEI define empreendedorismo como “o processo dinâmico a partir do qual os indivíduos identificam, sistematicamente, oportunidades económicas e, respondem, desenvolvendo, produzindo e vendendo bens e serviços”. Eduardo Marçal Grilo, ministro da Educação no primeiro Governo de António Guterres, avançava há uns meses, numa conferência, com uma definição um pouco diferente e talvez mais desafiante: “o objectivo do empreendedorismo é fazer de cada um uma pessoa com enorme capacidade para fazer algo bem, de novo, de diferente, capaz de ser um factor de mudança da sociedade”.
No mundo actual, sabemos que o desenvolvimento económico, do qual está dependente o desenvolvimento social, não se faz repetindo a receita que levou ao sucesso de empresas no passado. É imprescindível uma componente inovadora em qualquer negócio que se desenvolva para se ser bem sucedido e essa componente inovadora está fortemente relacionada com o empreendedorismo. Apesar de já dizer o velho ditado que “a necessidade aguça o engenho”, o empreendedorismo não é uma coisa que aconteça por si. Com uma taxa de desemprego tão elevada como a que hoje temos e uma perspectiva de crescimento económico muito baixa nos próximos anos, acreditamos ser hoje mais necessário que nunca o estímulo da capacidade empreendedora dos portugueses.
Quer se considere o empreendedorismo como uma característica inata de alguns ou uma “competência” que se ensina, há que reconhecer que muito pode ser feito para potenciar o seu desenvolvimento. As escolas e universidades devem ser locais onde os empreendedores se descobrem e trabalham as suas capacidades, sendo também importantes na ligação ao mundo empresarial. Iniciativas como a Tec Minho, da Universidade do Minho, a FEP Júnior Consulting e o Clube de Empreendedorismo da Universidade do Porto (CEdUP), da Universidade do Porto, são exemplares e devem ser incentivados.
A nosso ver, esse papel de potenciador cabe também ao Estado, não só para a criação de um quadro legal e fiscal favorável e estável mas também de possíveis incentivos e oportunidades para que a iniciativa empresarial aconteça. As nossas Autarquias têm aqui um importante papel a desempenhar, dado serem dos órgãos do Estado que mais próximos se encontram dos portugueses e que melhor conhecem os seus reais problemas. Este papel não se esgota na criação de parques empresariais tecnológicos nem em eventuais facilidades a grandes empresas que nos municípios pretendem instalar uma fábrica ou estabelecimento comercial. O potencial do empreendedorismo vai muito para além desta escala “macro”, mas é antes transversal ao desempregado ou jovem recém-licenciado que cria o seu próprio posto de trabalho, ao pequeno investidor que pretende abrir uma loja com um conceito inovador, às cada vez mais faladas indústrias culturais (que necessitam de respostas muito específicas) até ao emergente empreendedorismo social, que como o nome indica pretende responder a necessidades sociais sem visar necessariamente o lucro económico.
É caso para nos questionarmos se Guimarães dispõe de condições favoráveis para o empreendedorismo. Para além do Avepark, o que faz a Autarquia para apoiar a capacidade empreendedora dos vimaranenses?
Artigo da Comissão Política da JSD Guimarães
publicado no jornal Povo de Guimarães.
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