quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Estado da Nação



Nos últimos dias temos assistido ao reanimar da central de propaganda do Governo. Começou com os dados da execução fiscal de 2010, seguiram-se os números do crescimento das exportações, com um bonito congresso à mistura. Tudo dados para fazer a festa, à qual ajuda o “sucesso” dos leilões da dívida pública com juros muito próximos, mas abaixo da “limiar de sobrevivência” que Teixeira dos Santos traçou. A isto se junta o providencial Sócrates, em campanha interna pela reeleição, teimando em lembrar aos militantes do seu partido que ele é o último bastião de defesa do Estado Social, apesar de lhe ter aplicado o maior corte da sua breve história.

Mas parece que Sócrates já não controla os seus. O ministro Jorge Lacão sugere, isolado, através da imprensa que o número de deputados da Assembleia da República seja diminuído para o mínimo. Uma ideia que choca o PS, tendo logo sido desautorizado pelo líder do seu grupo parlamentar.

Entretanto, o povo sofre. A maravilha da execução fiscal é feita à sua custa, à custa do café que se deixa de tomar, da carne que troca por uma mais barata, da “extravagância” esquecida de comprar um livro ou um CD. Ou pior, da prestação da casa que não paga, do seguro do carro que foi à vida, da factura de electricidade.

Da estratosfera política ouvem-se rumores de que pode vir aí uma moção que dê corpo à censura que nas ruas os portugueses fazem deste desgoverno.

Na Educação, o costume. As constantes “reformas”, que criam uma incrível instabilidade no sistema educativo, pretendiam agora cortar no financiamento do ensino particular com contrato associativo, ameaçando com isso acabar com o serviço público que estas prestavam.

O grupo musical Deolinda surge, entretanto, com uma música que mexe. Cantam a situação precária e sem perspectivas de futuro que os jovens enfrentam. Uma “geração sem remuneração”, que salta de estágio em estágio sem qualquer estabilidade ou possibilidade de se emancipar. Uma geração sem futuro, mas que é o futuro do país, a mais bem preparada de sempre.

Em Guimarães antevê-se a festa que será 2012. No passado dia 30 de Janeiro foram apresentadas as linhas gerais da programação da CEC. Discursos optimistas, que ocultam todas as dúvidas que falta esclarecer, em particular sobre a sustentabilidade dos investimentos. São muitos os novos equipamentos e organismos que serão criados (fala-se agora de mais uma fundação), mas nada é dito sobre o financiamento destas instituições no pós-2012. Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura, vem também a terreiro que não importa se as obras estão prontas no início ou no fim do ano. Esquece-se que essas obras ficarão para futuro, sim, mas foram pensadas para a CEC.

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