terça-feira, 22 de abril de 2008

25 de Abril ainda é mais que 115º dia do calendário?


Caros companheiros,

O que significa, nos dias de hoje, o 25 de Abril para nós? Qual a mensagem que nos fica, na actualidade, do que se passou em 1974?

Passados, 34 anos, estamos já livres de preconceitos sobre a data, o que a antecedeu e o que se lhe seguiu. O que nos ficou então da revolução?

Debatamos, pois, a data.

24 de Junho na Assembleia Municipal

Excertos do discurso proferido a 21 de Abril de 2008 em sessão da Assembleia Municipal de Guimarães pelo Deputado Municipal Alexandre Barros da Cunha.

No próximo dia 25 de Abril celebraremos, de forma solene em Assembleia Municipal marcada para o efeito, 34 anos de democracia em Portugal.

Percebemos, aceitamos e partilhamos a opinião do Sr. Presidente da Assembleia Municipal sobre as comemorações do 25 de Abril.

O afastamento dos cidadãos das comemorações oficias dessa data são, no meu entender, a prova de uma democracia madura e adulta.

No entanto, gostaria de aproveitar esta oportunidade para falar, não do 25 de Abril, mas de outra data muito significativa para todos nós, enquanto vimaranenses e enquanto portugueses.

Sendo esta a última Assembleia Municipal antes do dia 24 de Junho, é a altura indicada para abordar um tema que nos diz tanto, por tão diferentes motivos.

Falo da data em que nasceu Portugal, em que se confirma de forma irreversível a independência de uma nação a que hoje damos corpo.

Falo de um dos marcos mais importantes da nossa memória colectiva enquanto portugueses, da qual Guimarães é palco principal.

Falo de uma data que nos permite, a nós, vimaranenses, dizer com orgulho “Aqui nasceu Portugal”.

Mas teremos mesmo orgulho em ser Berço da Nação?

Teremos vontade de relembrar uma data tão importante?

Não me parece que tenhamos.

Celebramos Portugal a 10 de Junho. Data em que celebramos também a morte de Camões e as Comunidades Portuguesas…

Será tão surpreendente como inaceitável que a Assembleia Municipal de Guimarães reúna em sessão solene para evocar o 25 de Abril de 1974, e passe completamente ao lado das comemorações do 24 de Junho de 1128, dia 1 de Portugal e dia de Guimarães.

Se a Assembleia Municipal reúne para celebrar o 25 de Abril que é de todos, porque não passar a reunir no dia de Guimarães e de todos os Vimaranenses?

Porque não fazer do 24 de Junho um dia para levar as instituições de governo do concelho junto dos nossos concidadãos?

Porque não realizar uma sessão solene da Assembleia Municipal nessa data, que reúna em sessão evocativa fora de auditórios, que adopte um figurino itinerante para que vários pontos de Guimarães possam receber e perceber o 24 de Junho com a importância que lhe é devida?

Porque não passar a solenizar o 24 de Junho ao invés de o fazer com o 25 de Abril?

A importância do 24 de Junho de 1128 vai mais além que a data em si. É importante que o 24 de Junho toque os mais jovens, de forma particular, para que cresçam a conhecer a sua identidade e para que tenham orgulho na sua naturalidade. Até hoje Guimarães tem sido o garante da memória da Batalha de S. Mamede e só com uma forma pedagógica de encarar este marco histórico garantiremos o nosso futuro colectivo.

Para uns, o 24 de Junho é o dia de S. João, para outros é o dia em que o Presidente da Câmara inaugura obras novas...

Para muito poucos, infelizmente, o 24 de Junho é o dia de Guimarães, da Batalha de S. Mamede e da Fundação da Nacionalidade.

O 24 de Junho é a data ideal para reconhecer todos os que contribuem para engrandecer Guimarães. Seria agradável ver, a par da atribuição das medalhas de mérito, uma cerimónia de reconhecimento daqueles jovens que se destacam na sua actividade académica, o que seria uma forma de Guimarães reconhecer o empenho e esforço desses jovens e um forte incentivo ao mérito escolar.

Assim, o grupo parlamentar do PSD fará chegar junto do Sr. Presidente da Assembleia Municipal um requerimento no sentido de ver esta matéria debatida entre todos os partidos com assento parlamentar, tendo em vista um 24 de Junho diferente para melhor.

Muito obrigado.