segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Orquestra do Norte em Guimarães

Exma.ª Sr.ª Vereadora,

Vimos por este meio apresentar mais uma Proposta Cultural tendo em vista a preparação de Guimarães para receber a Capital Europeia da Cultura em 2012. Como temos vindo a defender, parece-nos que esta será uma excelente oportunidade para criarmos um ímpeto cultural na população vimaranense que proporcione a possibilidade de uma mudança positiva de mentalidade no que diz respeito às questões culturais.

Assim, a importância da formação artística em Guimarães apresenta-se como o potencial melhor fruto gerado pela CEC 2012. A formação musical passa não apenas pelo numero de escolas de música e pela qualidade da formação musical que se presta, mas também pela oferta musical nos equipamentos culturais vimaranenses.

Uma passagem rápida pela agenda cultural de Guimarães permite destacar um facto: há um claro défice de oferta no que respeita a música dita erudita.

Reconhecemos o esforço feito pela Câmara ao contratar concertos de música clássica gratuitos para a população. No entanto, a esporadicidade dos concertos, que não assumem carácter periódico e os espaços que se atribuem à realização destes concertos, muitas vezes sem as características técnicas necessárias, que condicionam o resultado da obra apresentada (caso do Paço dos Duques, nos concertos de orquestras sinfónicas), fragiliza a aposta nesta vertente musical. Para além disso, no principal palco da cidade, o Centro Cultural Vila-Flor, a música clássica é claramente desfavorecida.

Atendendo ao estatuto de Entidade Associada da Orquestra do Norte de que o município de Guimarães usufrui, julgamos importante estreitar essa parceria por forma a motivar uma maior e regular oferta de música clássica na agenda cultural vimaranense. Propomos então que Guimarães se apresente como município-sede da Orquestra do Norte, e que esta tenha residência no equipamento cultural de maior relevância e qualidade da região, o Centro Cultural Vila-Flor.

É nosso entender que só promovendo a criação e produção cultural conseguirá Guimarães ser uma verdadeira Capital Europeia da Cultura. Só com criação e produção cultural, o Centro Cultural Vila-Flor deixará de ser apenas uma sala de espectáculos, como tem acontecido. Ao tornar-se sede da Orquestra do Norte, Guimarães afirmaria no panorama cultural uma vontade clara de ser sede de produção cultural de qualidade, promovendo uma excelente imagem de si, condizente com o estatuto de Capital Europeia da Cultura.

É do conhecimento público as dificuldades que a Orquestra do Norte tem sentido pelo facto de não possuir sede. Também é conhecida a vontade desta em estabelecer sede na nossa cidade, neste equipamento cultural.

Vejamos o exemplo da Casa da Música, o maior espaço cultural da área musical do país. Alguém duvida da mais-valia que representa para esta instituição ter lá sediada, em regime de parceria, a Orquestra Nacional do Porto? Devemos seguir os bons exemplos, quando os há. E este é, sem dúvida, um deles.

Com a Orquestra do Norte sediada em Guimarães poderíamos suprir uma carência do nosso Centro Cultural na música erudita. Os concertos que a Câmara contrata com esta entidade poderiam passar a realizar-se lá, com as condições necessárias a um bom espectáculo. Permitiria também uma maior articulação entre a Câmara e a Orquestra do Norte, com vista à realização de espectáculos por encomenda. Acima de tudo, estaríamos a prestar um contributo à cultura da cidade e da região.

Ao consultar o sítio da Orquestra do Norte, verifica-se que os seus objectivos encaixam perfeitamente no principio de formação cultural que a CEC 2012 poderá fazer crescer em Guimarães, tendo em conta que esta orquestra tem dado “atenção especial (…) desde o inicio, aos concertos Didáctico-Pedagógicos, no sentido de serem um processo de construção do conhecimento que tem o objectivo de desenvolver o gosto musical estimulando a criança a fazer e a apreciar a música.” A conclusão surge logo de seguida: “Este trabalho tem permitido a criação e manutenção de novos públicos.” Estes princípios encaixam perfeitamente num objectivo que deve ter a CEC 2012 em Guimarães, o que nos leva a sublinhar a potencialidade de uma parceira mais estreita com a Orquestra do Norte.

Esperamos que esta proposta seja tida em consideração, tal como todas as outras, no sentido de conseguirmos, todos, fazer de Guimarães uma excelente Capital Europeia da Cultura em 2012 e um marco cultural na região e no país.

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